ESTUDO DE UMA CRIANÇA EM JARDIM DE INFÂNCIA COM NECESSIDADE DE TERAPIA DA FALA
1 – Caracterização do grupo
2 – Caracterização da criança do estudo
3 – Motivos de Intervenção/Estratégias
4 – Avaliação do processo de inclusão
------
1-Caracterização do grupo de crianças do Jardim de Infância
O Jardim de Infância faz parte da rede pública, do Ministério da Educação.
O grupo de crianças matriculados são:
- 2 meninas e 5 meninos.
O grupo é heterogéneo:
...
2 – Caracterização da criança do estudo
Nome:
Data de nascimento:
Jardim de Infância de:
Tem sido um menino assíduo e pontual.
Na Área do Conhecimento do Mundo, revela as seguintes competências:
- É Observador.
- Tem curiosidade em aprender.
- Tem conhecimento de “Eu” e do “Outro”.
- Tem consciência do contexto familiar.
- Tem conhecimento do meio que o rodeia.
- Manifesta interesse pelas actividades científicas.
(experiências, novas tecnologias, et.)
Observações: O menino é uma criança muito perspicaz, faz associações com lógica, tem uma boa memória visual e auditiva. Relata situações vividas da sua vida, possui um
vasto leque de conhecimentos e vocabulário, apresentando dificuldade na articulação de
determinado som “ou” – cenoura, tesoura…
Quando tem dificuldade na articulação, se repetir pausadamente consegue com êxito.
Na Área da Formação Pessoal e Social, revela as seguintes competências:
- Tem espírito crítico.
- É autónomo.
- Hesita na responsabilidade.
- Tem respeito pelo outro.
- Coopera e inter-ajuda.
- Tem hábitos de higiene.
Observações: É um menino que necessita de ter regras na sala de aula e é necessário estar-lhe sempre a recordá-las.
Na Área de Expressão e Comunicação, tem as seguintes competências:
- Abordagem à Escrita-
- Reconhece o seu nome.
- Reconhece o nome dos colegas.
- Identifica letras.
- Copia.
- Escreve o seu nome.
- Compreende a importância da escrita.
Observações: O menino conta histórias, para os meninos, utilizando o suporte habitual para leituras, capta a atenção dos outros colegas.
- Domínio da Matemática –
- Tem noções topológicas.
- Tem noções de grandeza.
- Tem noções temporais.
- Tem noções de quantidade.
- Faz seriações.
- Faz correspondências.
- Faz classificações.
Observações: O menino já está familiarizado com o “ontem”, “hoje”, e o “amanhã”.
- Expressão Musical”
- Memoriza.
- Tem sentido rítmico.
- Identifica sons.
- Canta.
- Dança.
- Sabe escutar. 3.
Observações: Aprende com muita facilidade as letras das novas canções.
- Expressão Plástica –
- É original nas suas produções.
- Representa o real.
- Explora os materiais.
- Conhece e identifica as cores.
- Tem sentido estético.
- Termina os trabalhos.
Observação: Tem uma boa representação humana e das situações vividas.
- Expressão Dramática –
- É criativo.
- Improvisa.
- Utiliza comunicação não verbal.
- Utiliza comunicação verbal.
- Comunica com suporte (fantoches, objectos, máscaras)
- Participa nas actividades.
- Expressão Motora -
- Tem consciência do seu próprio corpo.
- Anda e corre correctamente.
- Sobe e desce degraus alternando o pé.
- Salta e trepa obstáculos.
- Tem interiorizado o seu esquema corporal.
- Utiliza correctamente lápis e pincel.
- Recorta com tesoura.
Observações: Está de acordo com os objectivos da sua faixa etária.
3 – Motivos da Intervenção/Estratégias:
O aluno , no ano lectivo , foi avaliado em Terapia da Fala aquando da actividade de rastreio efectuada em todas as escolas do 1º CEB e Jardins de Infância do concelho , no âmbito do Projecto “Ajudar a ser” – Programa “Ser criança” – Serviço de Intervenção Precoce .
O apoio vai de encontro com o despacho conjunto nº 891/99, dos Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho e da Solidariedade.
A partir da avaliação efectuada, conclui-se que o menino manifestava alterações ao nível da expressão verbal, mostrando um desenvolvimento ao nível da compreensão verbal dentro dos parâmetros esperados para a sua faixa etária.
Ao nível da linguagem verbal verificou-se sobretudo alterações na articulação verbal, observando-se no seu discurso muitas omissões e substituições fonéticas.
Manifestava também dificuldades na construção da frase, apresentando um discurso telegráfico, praticamente sem recurso às partículas de ligação entre os elementos da frase.
Este menino começou esse ano lectivo a frequência do Jardim de Infância, pelo que se julgou ser mais proveitoso para a criança iniciar-se o acompanhamento em Terapia da Fala de modo indirecto, contactando-se com a família, para a necessidade da estimulação precoce da linguagem, fornecendo-se orientações nesse sentido.
É importante referir a existência de alguma imaturidade associada à sobre-protecção por parte da família, com quem tem vivido desde que nasceu, o que condicionou o processo de desenvolvimento da linguagem.
Nesse mesmo ano lectivo teve Educadora de Apoio Educativo do Ministério da
Educação.
Existe uma ficha de sinalização de crianças com necessidades de intervenção precoce de ..., um plano individualizado de apoio à família (piaf) com a mesma da-
ta, duas escalas de linguagem expressiva e compreensão verbal de ... e outra de
..., segundo testemunho da Terapeuta da Fala houve uma enorme melhoria em termos de dicção e contrução de frases, quase totalmente imperceptíveis, atendendo ao teste de articulação verbal de ....
Em relação ao ano lectivo seguinte, já não houve pedido de Educadora de Apoio para este menino.
Este ano a Terapeuta da Fala, fez os últimos testes e verificou que já não havia necessidade de continuar as secções de Terapia.
Deve-se referir que este trabalho, tanto de Apoio Educativo e Terapia de Fala foi efectuado na sala de actividades do Jardim de Infância, incluído no grupo de crianças.
Além do Projecto Curricular de Sala de Jardim de Infância, adoptado pela Educadora Titular de Sala, existe um Plano de Intervenção – Terapia da Fala para o menino em especial, mas que é feito com o grupo de crianças.
Objectivo Geral:
- Desenvolvimento oro-facial.
Objectivos específicos:
- Estimulação da mobilidade e agilidade dos órgãos oro faciais que intervêm simulta-
neamente na articulação verbal e alimentação a partir de actividades realizadas no grupo do Jardim de Infância.
Actividades propostas:
Nota: As actividades que se seguem são realizadas com o grupo de crianças, para que o Educador possa verificar a correcta execução das actividades, facilitando a imitação dos movimentos.
Movimentos com os maxilares:
- Propor como jogo situações em que exercite a flexibilidade e amplitude dos movimentos dos maxilares:
- abrir e fechar a boca (amplamente como um lobo prestes a comer um cordeiro, como
quando temos sono, ou temos apetite).
- abrir e fechar a boca com menor amplitude (como um animal que come de boca fechada, quando temos pouco apetite).
- Abrir e fechar a boaca rapidamente, com pequenos movimentos.
- Mover o maxilar da esquerda para a direita e vice-versa como se fossemos palhaços.
-Cerrar os dentes e aliviá-los depois.
Movimentos com o palato (céu da boca):
A elevação do véu palatino é importante para a produção de determinados fonemas ou grupos de fonemas (pl, cl..)
- Jogar ao A mudo: sem pronunciar o som, jogar a pôr a boca como se fossemos dizer “A”.
- Bocejar: Pode aproveitar-se qualquer situação de dramatização com personagens aborrecidas ou com sono para insistir no bocejo, abrindo muito a boca.
- Manter o véu palatino elevado, o mais tempo possível como se fosse um cantor de playback.
Movimentos com as bochechas:
- As faces são importantes na articulação correcta, as actividades em que intervêm são normalmente atraentes para as crianças e desenvolvem-se em conjunto com as actividades de sopro.
- Fazer bochechos com água e expeli-la.
- Inchar a desinchar as bochechas.
- Inchar as bochechas e “explodi-las” à maneira de balão, batendo com as duas mãos para que o ar saia.
- Inchar uma só bochecha.
- Inchar alternadamente as duas bochechas.
Movimentos com a língua:
- Deitar a água para fora “Vamos ver quem tem a língua mais comprida”.
- Deitar a língua para fora muito lentamente esticando-a ao máximo.
- Deitar a língua para fora muito depressa.
- Estender e encolher a lìngua: primeiro muito depressa, depois mais depressa, à medida
que se vão conseguindo, chegar a propor-lhes: “vamos ver quem o faz mais rápido”.
- Deitar a língua de fora e mantê-la imóvel durante alguns segundos.
- Deitar a ponta da língua de fora e movimentá-la de um canto para o outro, controlando para que não se produzam outros movimentos associados.
- Deitar a língua de fora, dobrando-a para baixo, fazendo-a deslizar do lábio inferior até ao queixo.
- Deitar a língua de fora: tentando com ele tocar no nariz.
- Mover a língua para a esquerda e para a direita imitando o gesto de fazer caretas.
- Com a boca muito aberta, procurar tocar com a ponta da língua o céu da boca: a língua
levanta-se e toca no céu da boca.
- Apoiando a ponta da língua na face interna da bochecha fazê-la movimentar-se para ambos os lados da boca por cima dos dentes.
- Dar estalinhos com a língua – imitar o cavalo a trote e a galope.
- Passar a ponta da língua pelo céu da boca, de trás para a frente e de diante para trás.
Movimentos com os lábios:
Com a boca fechada e os lábios juntos:
- Projectar os lábios para a frente como se fosse dar um beijo.
- Esticar os lábios, afastando bem os cantos da boca como quando sorrimos.
- Esconder os lábios.
Com a boca semi aberta:
- Encolher e abrir os lábios articulando U-A-U-A
- Articular alternadamente I-A-I-A
- Colocar o lábio inferior sobre o superior e vice versa.
- Articular as consoantes P-B-M com as diferentes vogais.
Exercícios de Sopro:
Material necessário: Fósforos, velas, balões, papel fino e grosso, bola de ping pong, instrumentos musicais de sopro, recipientes com água (copos, frascos, palhinhas,…).
- Soprar para apagar um fósforo ou uma vela acesa, alternando o apagar de uma só vez,
apagar lentamente e fazer “dançar” a chama.
- Soprar pedaços de papel de seda, “papelinhos” e papeis mais pesados colocados sobre a mesa, em frente de cada criança.
- Soprar uma bola de ping-pong por um determinado percurso observando quem é a criança mais rápida, ou fazer um jogo entre duas crianças passando a bola uma para a
outra.
8.
- Soprar instrumentos musicais simples: apito, flauta.
- Encher balões, fazendo uma competição para ver quem enche primeiro e com mais ar.
- Soprar para fazer avançar na água barcos de papel.
- Treinar o assobiar.
4 – Avaliação do processo de inclusão
O menino com o processo de inclusão, permitiu-lhe ultrapassar as dificuldades que tinha em termos articulatórios.
Durante estes três anos lectivos de permanência deste menino, os grupo têm sido de cinco a sete elementos, o que tem facilitado todo o seu processo de ensino-aprendizagem.
O facto de ser um menino extremamente sociável, permitiu o sucesso na aborda-
dem ás actividades do Plano de Intervenção – Terapia da Fala, que têm ido ao encontro com as expectativas dos meninos, ás quais têm aderido com muito interesse, gostam todos de ir ao Jardim de Infância.
È necessário dar ênfase ao bom ambiente, afectivo e de trabalho, que a Terapeuta conseguiu criar com o menino e com o grupo.
Como Educadora Titular estou actualmente a trabalhar com o grupo cumprindo to
das as actividades do Plano de Intervenção – Terapia da Fala dado pela profissional e
excelente colaboradora Terapeuta da Fala que tivemos o prazer de receber na nossa sala de Jardim de Infância.
O menino já não necessita de apoio directo da Terapia de Fala, no entanto a Terapeuta continua a ir-nos visitar, a título pessoal.
Considero muito importante o trabalho em equipa com outros profissionais de outras áreas específicas, pois além de proporcionar às crianças maior desenvolvimento
os profissionais também aprendem muito mais juntos, com a inclusão dos meninos.
Estudo de Caso de cadeira de NEE (Licenciatura), na minha sala de Jardim de Infância.
Fazendo referência a pequenos exercícios que permitem desenvolver a linguagem, que podem ser efectuados pelo Educador/a do regular que complementam o trabalho de Equipa com a colega Terapeuta da Fala.
Bom Trabalho!
Sem comentários:
Enviar um comentário